data-filename="retriever" style="width: 100%;">
Foto: Sylvia Bojunga (Divulgação)
Secretária Bia Araujo com o prefeito de Pedras Altas e a família Segat posaram para foto na frente da fortaleza de Pedras Altas, nesta sexta
O castelo de Pedras Altas, comprado pela família Segat, de Santa Maria, recebeu a visita de uma comitiva estadual na tarde desta sexta-feira, na Região da Campanha. O objetivo principal foi realizar uma vistoria no local e apontar quais as intervenções mais urgentes. O castelo é patrimônio tombado pelo Estado, que pertenceu ao diplomata, advogado e estadista gaúcho Joaquim Francisco de Assis Brasil.
Com mobilização, comunidade vai organizar 15 anos para realizar sonho de adolescente
Os novos proprietários planejam resgatar o valor histórico e patrimonial do Castelo. A secretária da Cultura, Beatriz Araujo, foi à cidade, que fica próxima a Bagé, acompanhada do assessor especial de Memória e Patrimônio da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), Eduardo Hahn, do diretor do Iphae, Renato Savoldi, e da museóloga e diretora do Museu Julio de Castilhos, Doris Couto.
- As articulações em favor do patrimônio histórico e cultural são decisivas para a conservação da Granja de Pedras Altas, que acreditamos ainda ser possível. Segundo os registros do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do RS (Iphae), a trajetória pela salvaguarda do conjunto arquitetônico erguido por Assis Brasil no início do século passado para ser a residência de sua família, tombado em 1999, se desenvolve há mais de 30 anos - destaca.
À equipe da secretaria cabe a avaliação da construção, bem como de seu acervo de bens móveis, no sentido de indicar as intervenções mais urgentes e procedimentos corretos para a conservação do local.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">
Foto: Sylvia Bojunga (Divulgação)
Comitiva da secretaria dentro do castelo, que abriga uma coleção de livros e móveis históricos
INTERESSE INICIAL NAS TERRAS
O advogado Luiz Carlos Segat, 56 anos, um dos responsáveis pela compra do castelo, informa que a fortaleza será registrada no nome dos três filhos, todos advogados: Rafael Batista, Gabriela e Kamilla Trindade Pacheco Segat. Além da advocacia, a família atua também na agricultura e na pecuária.
Conforme Luiz Carlos, a aquisição do castelo foi uma obra do acaso. Na verdade, o interesse inicial eram os 300 hectares da área no município de Pedras Altas. Parte das terras que não é tombada pelo patrimônio histórico está arrendada para lavoura de soja e criação de gado. O matriarca dos Segat revela que, ao longo das negociações para a compra da área, soube da fortaleza e passou a pesquisar a história de Assis Brasil.
- No início, não sabia do castelo. Mas conhecemos e nos apaixonamos pela história - revela.
Diante do interesse cada vez maior pelo passado político do estadista que ergueu a fortaleza na década de 1910, os Segat acabaram "reféns" da história do local.
- No início, éramos os donos da área. Agora, a terra é nossa dona - brinca Luiz Carlos, que pretende transformar o castelo em um centro cultural para divulgar a história de Assis Brasil.
Reabertura de supermercados aos domingos anima entidades de Santa Maria
Dos 20 herdeiros da propriedade, restam apenas dois assinarem a documentação para a conclusão da venda, informa a bisneta de Assis Brasil, a também advogada Suzana de Assis Brasil Mendes. Os valores não foram informados. De acordo com Suzana, houve outros interessados na compra do castelo. Por isso, os descendentes fizeram uma votação, e a maioria aprovou a venda à família Segat.
O CASTELO
A Granja de Pedras Altas foi o grande projeto pessoal de Assis Brasil, político, diplomata, produtor rural e intelectual gaúcho. Ele pretendia provar que um pequeno pedaço de terra poderia ser tão produtivo quanto uma grande propriedade, se fossem usadas técnicas modernas e racionais.
Para desfazer o mito da rusticidade da vida no campo, Assis Brasil construiu uma moradia confortável, em forma de castelo medieval, inaugurada em 1912, onde instalou uma grande biblioteca com obras raras e diversificadas. O castelo foi um marco histórico da Revolução de 1923, da qual Assis Brasil foi o chefe civil, e sediou a assinatura do Pacto de Pedras Altas, pondo fim ao conflito.
Além das razões históricas para o tombamento do Castelo, efetivado pelo Iphae em 1999, a granja modelo de Pedras Altas é um exemplo no uso de técnicas pioneiras no sistema construtivo e na infraestrutura dos prédios, como iluminação a gás, captação de águas pluviais para abastecimento e preocupação com conforto térmico.
O Castelo conta com 44 cômodos, com dois andares principais, subsolo e torres. Os espaços contêm mobiliário e objetos de época trazidos pelo político, principalmente de Lisboa, Paris, Nova York e Buenos Aires - locais em que viveu com a família quando exercia atividade diplomática.
*Colaborou Janaína Wille (com informações da Secretaria Estadual da Cultura)
BRDE disponibiliza R$ 920 milhões a pequenas empresas do RS durante a pandemia
A REVOLUÇÃO DE 1923
- Assis Brasil foi fundador do extinto Partido Libertador. No início da década de 1920, partidários de Assis Brasil, os maragatos, estavam descontentes com o presidente do Estado, Borges de Medeiros. Isso levou os assisistas a travarem uma revolta armada contra os aliados do governo da época, os ximangos, na Revolução de 1923
- A revolta armada, que deixou muitos mortos, teve fim com a assinatura, em dezembro de 1923, do Pacto de Pedras Altas, nome dado ao documento por ter sido assinado no castelo onde vivia Assis Brasil
- O acordo garantiu a Borges de Medeiros seguir seu mandato até 1928 e abriu espaço para a eleição de seu sucessor, Getúlio Vargas. Em 1930, Getúlio assumiu o governo do Brasil após o golpe que depôs o presidente eleito, Washington Luís
- Assis Brasil dá nome do Parque de Exposições de Esteio, onde ocorre a Expointer